Hoje, refletindo sobre essa jornada transformadora, posso dizer que o Yoga e a Yogaterapia me tocaram o espírito, de forma que eu posso ser a própria mediadora dessa conexão entre o Céu e a Terra. Em outras palavras, entre o mundo material e o mundo espiritual. Não preciso mais de mediadores, de outorgar isso a outros. O caminho é longo, eu sei, e que bom que cada dia mais posso ir criando uma melhor versão de mim mesma. Entendi que não sou e nem quero ser perfeita. É um peso que não posso e nem devo carregar…
A prática regular da Hatha Yoga abriu meu corpo para a energia, a alegria, a paz profunda e o relaxamento, portanto, o que mais nós, seres multifacetados, buscamos do que a nossa plenitude em vida, para que possamos acessar o nosso ser divino e transbordar todas as qualidades universais? Podermos estar conectados com essa essência divina, que nos amplia o estado de consciência mundana e nos faz enxergar além dos véus da ilusão.
A mente, por muitas vezes, em seu estado comum, está distraída, externamente, por “todos os objetos”, por meio dos 5 sentidos ou melhor falando, 6 sentidos, incluindo a fáscia – descoberta há alguns anos como o nosso sexto sentido, essa camada que nos envolve e que carrega as nossas emoções. O trabalho do Yogi deve ser cultivar a concentração e o unidirecionamento da mente, voltando a consciência para dentro, até que ela se torne absorta num único objeto, seja ele sutil ou físico.
Sri Aurobindo, grande mestre da filosofia do Yoga, cita em seus textos, que num certo estágio, sem qualquer razão aparente, a pessoa pode perder o interesse pelo mundo e pela vida mundana. Mas essa indiferença, quando estabelecida num nível de consciência mais pura, torna-se a bem-aventurança de unicidade, amor, compaixão e companheirismo. Há uma mudança, quando a antiga forma desses movimentos é descartada, dando espaço para que um Self – EU – novo se expresse. Durante a transição e a mudança, um vácuo é criado, que se expressa como decepção. Mas a expansão pode preenchê-lo. E essa nova natureza cria uma fundação mais estável e duradoura.
E foi o que aconteceu comigo, minha vida perdeu o sentido, para que uma outra vida, com mais significado surgisse e me desse novos direcionamentos. Como eu pude estar tão longe de mim mesma e tão desconectada? Meu corpo e alma gritavam socorro. Que bom que os ouvi e redirecionei a minha vida. Sou grata, muito grata!!!
No livro “Essencial´mente Yoga”, Ailla Pacheco cita que a meditação, a respiração e o Yoga, são práticas que comprovadamente, alteram nossos padrões comportamentais e contribuem para o aprendizado e o recondicionamento da nossa mente, adaptando-a a novos hábitos, mais positivos e assertivos, que reverberam psiconeurocientificamente em nossa saúde mental, impactando diretamente em nossa qualidade de vida.
Depois dessa fase sombria – que mais tarde foi me revelada como “Noite Escura da Alma”, onde aos 23 anos, minha vida perdeu o sentido e tive que ressignificar o que de fato, eu estava fazendo aqui – essa primeira experiência me colocou diante dos meus maiores medos e provações, e aos 36 anos experimentei novamente o lado sem luz do meu ser, me pedindo por uma mudança total de vida. E assim o fiz e agora estou aqui.
Então, esse caminho, como instrutora de yoga e yogaterapeuta, me trouxe o benefício de poder ser a portadora desse conhecimento, que ao mesmo tempo é milenar, e que também traz o acesso à nossa biblioteca interior divina, para que possamos, cada vez mais, estarmos conectados ao que realmente importa nessa vida, além dos véus da ilusão desse mundo, que nos distrai de nós mesmos e nos distancia da nossa verdadeira essência.
Hoje, sou muito grata a todos os sacrifícios e desafios que tive que enfrentar em minha vida, e pude ter o entendimento do porquê esse caminho aqui na Terra é tão desafiador, e ao mesmo tempo, tão libertador.
Finalizo esse texto com um breve pensamento:
“Quem te criou a não ser o Criador?
Então, quem merece o seu amor a não ser o Criador?
E quem é, de fato, o Criador?
É o Todo.
Todos os seres.
Toda a natureza.
Você Todo”.
Myriam Filippi